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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Entre vales e montanhas

A vida é uma constante surpresa. Por mais que pensemos que no futuro as coisas sucederão como imaginamos, invariavelmente nos surpreendemos com novas possibilidades se tornando reais. Muitas pessoas reclamam do fato de não saberem o que vai ocorrer, permitindo ser atormentadas por preocupações e pelo medo. Mas o fato é que, não conhecer o futuro é uma dádiva.

Imagine que a vida é uma viagem que você planejou durante anos – uma trilha nas montanhas mais belas que se possa imaginar. Depois de ter analisado previamente todos os guias de viagem, de ter sonhado com os momentos alegres que você viveria, de ter pesquisado na internet todos os lugares legais  que poderia visitar, agora você se encontra com os pés sobre o tão sonhado lugar e a realização do sonho já começou. A vida é assim, com a diferença que não foi você quem planejou a viagem, mas Alguém a preparou com muitas surpresas agradáveis para que você as vivenciasse a cada dia.

Quem gosta de fazer trilhas sabe que o fator surpresa é fundamental para que haja diversão nesse tipo de lazer. Podemos preparar nossa mochila com todos os utensílios necessários, planejar o percurso, mas nunca sabemos de antemão o que irá ocorrer, de verdade. Ainda bem! De outra maneira, como poderíamos sentir a alegria de encontrar um fascinante animal silvestre, uma caverna inexplorada, uma lugar sobre a montanha de onde se possa contemplar um lindo pôr do sol? O Mastercard pode ser útil para muitas coisas, mas essas surpresas não têm preço.

Outrossim, a vida está cheia de coisas boas por acontecer, das quais ainda não temos consciência. Ora, se não fosse assim, não seriam surpresas. Cabe a nós trilhar o nosso caminho, não com preocupações excessivas, mas com uma ardente expectativa pelas coisas maravilhosas que estão prestes a tornar-se reais. E posso afirmar que esse sentimento é muito mais intenso no coração de quem acredita que um certo Agente de viagens preparou tudo com amor, para a nossa felicidade. 

Considerando que já nos encontramos em nossa Viagem, devemos ter consciência de que não podemos escolher outra, mas, sim, tentar fazer com que esta seja a melhor possível. Não podemos viver a vida de outra pessoa. Contudo, é essencial carregar nossa mochila com amor ao próximo, perdão e sabedoria para qualquer eventualidade em nossa trilha.


Muitos vales vão surgir, e vai ser difícil atravessá-los. Não se pode passar para uma montanha mais alta sem se enfrentar o vale. Apesar disso, pode ter certeza, depois de passar pelo vale e ter escalado a montanha, a vista lá de cima vai ser surpreendente, e vai valer a pena.

Publicado no Diário do Sudoeste

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Valorizando pessoas


“O mundo dá voltas”. Com este ditado costuma-se tratar de um fato que ocorre o tempo todo: a mudança. O mundo, as situações e as pessoas mudam, e, muitas vezes, quem um dia se encontrava numa posição elevada, outro dia já precisa da ajuda de alguém para levantar-se. Um sábio dizia: “não há nada de novo debaixo do sol”, e tinha razão. Tudo muda, e nisso não há novidade.


O problema é quando insistimos em pensar que as coisas sempre mudarão para pior, principalmente no que diz respeito a seres humanos. Quantas vezes convivemos com pessoas cujo histórico de mau comportamento nos faz pensar que nunca vão melhorar? Algumas são afetadas pelo alcoolismo, outras por uma rebeldia adolescente; outras, ainda, por uma preguiça patológica. Algumas, até, por uma inabilidade com as finanças que lhes levam sempre à falência. Nossa tendência natural é procurar um culpado: elas mesmas – dizemos –, porque são irresponsáveis e sempre jogam fora as oportunidades. Mas será que não existe nada melhor a fazer do que simplesmente atribuir-lhes a culpa por seus fracassos?

Houve um homem que perdeu cinco eleições e duas disputas para cargos políticos. Um perdedor – alguns diriam. Este mesmo homem faliu duas vezes e teve um colapso nervoso. Finalmente, depois de muita persistência, chegou a ser presidente dos Estados Unidos. Podemos perceber, com isso, que as coisas podem mudar para melhor na vida de alguém, e nós devemos ser os primeiros a acreditar na possibilidade de recuperação dos outros. Esse homem, Abraham Lincoln, percebeu, em sua vida, as voltas que o mundo dá, e o quanto algumas pessoas se mostraram importantes em sua recuperação até a vitória.

O que quero dizer é que devemos valorizar as pessoas quando ninguém mais lhes dá valor. Sei que não é uma comparação perfeita, mas eu poderia dizer que as pessoas são semelhantes a ações de uma empresa. Segundo um dos maiores investidores do mundo, Warren Buffet, o momento certo de comprar as ações de uma organização é quando ninguém mais as quer. Assim, você deposita confiança naquela empresa e compra suas ações, esperançoso de que ela venha a recuperar-se financeiramente. Anos depois, quando as ações se valorizarem, renderão bastante lucro, mas somente para quem arriscou dar-lhes valor quando ninguém queira fazê-lo.

Todos nós conhecemos pessoas que são desprezadas pela sociedade – estão sempre à nossa volta. Talvez elas precisem de uma palavra de incentivo, uma ajuda ou, quem sabe, apenas de um abraço. Portanto, aproveite o momento em que você tem condições de ajudar alguém. O mundo dá voltas, e pode ser que daqui a algum tempo seja você quem precise de um sorriso e um pouquinho de atenção. E, nessa hora, quem você ajudou no passado pode estar num lugar mais alto e com o braço estendido para erguer aquele que um dia lhe valorizou, como ninguém mais o fez.


Texto publicado no Diário do Sudoeste da Bahia